A escolha profissional e as muitas expectativas

Certamente, com a velocidade das mudanças que observamos e vivenciamos, tanto no mundo do trabalho quanto no meio-ambiente e sociedades, não há como prever ou garantir o futuro e neste cenário se inclui o futuro profissional. Não obstante às incertezas e volatilidades típicas deste mundo pós-moderno, o processo de escolha profissional marca uma importante etapa do ciclo familiar. Uma fase que, ao seu término, consolida a autonomia dos filhos e, portanto, o fechamento de todo um período de crescimento, desenvolvimento e educação.

A família é uma importante referência e mesmo os jovens "rebeldes", aqueles conhecidos por negarem os padrões familiares, acabam por guiar suas escolhas pelas orientações diretas família, ou mesmo, pela inversão de determinadas tradições. Portanto, é necessário conhecer as influências e fatores familiares que estão se fazendo presentes na escolha profissional e que manifestam como incertezas, crenças, medos, projeções, etc. O objetivo é que o auto-conhecimento permita uma maior clareza nas escolhas possíveis. Por mais que possa parecer lógico, e até essencial, envolver os pais e familiares numa salutar discussão a respeito do futuro de seus filhos, esta pode ser uma tarefa dificultada pelos estilos de comunicação intra-familiares, bem como pela própria fase que esta passa. A dificuldade, muitas vezes, reside em aspectos pouco tangíveis como as tradições, crenças e mitos familiares, que podem atuar no sentido de consolidar determinadas posições e comportamentos.

A família é uma instância tanto de carinho e segurança quanto de conflitos e pode realmente auxiliar os jovens quando reconhece seus limites, predisposições e fontes de angústias. Por outro lado, de uma forma negativa, a família pode elevar a ansiedade e obstruir um processo de escolha adequado, quando, por exemplo, seus membros se comunicam por meio de infindáveis e acaloradas cobranças ou se abstendo de qualquer manifestação.

Os jovens, geralmente, possuem uma grande monta de informações, no entanto esta pode ser parcial, distorcida, carregada de fantasias, idealizada... Portanto, torna-se fundamental proporcionar-lhes diálogos integrativos que reduzam ou eliminem as fantasias e distorções e, também, informações e vivências em variadas profissões.

Informações das profissões e do mercado de trabalho abrangem uma ampla gama de elementos, como: o que faz exatamente, quais as exigências de formação, quais são as formas de inserção no meio profissional, qual a função social de determinada profissão, onde se desenvolve o trabalho, como vêm se modificando os segmentos de mercado, quais as tendências futuras... Não só os jovens, mas principalmente eles, demandam de um conhecimento prático para que possam integrar e colocar à prova seus conhecimentos e a família pode proporcionar incentivando tais experiências nas áreas que realmente demonstram interesse. Portanto, esta fase não é só de informação ela se caracteriza pela experimentação, tentativas e, também, frustrações.

Estes diálogos e ações auxiliam a reduzir as chances de escolhas errôneas e/ou determinadas pelas influências do grupo e da família, ou, pelo menos, auxiliam para que esta fase não termine numa escolha de pela não escolha.



Referências bibliográficas

BOCK, Ana Mercês Bahia; et al. A escolha profissional. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.
BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação vocacional: a estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

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