Oficina de alternativas

Na terapia nem tudo se resume a descoberta de um fato primeiro ou de uma situação fundamental.

Pensando o ser humano com um ente integrado, o passado e o presente estão correlacionados, e, portanto, as ações cotidianas são possíveis graças a combinação de tais conhecimentos. Por exemplo: uma pessoa ao se deparar um cachorro solto na rua, resgata suas lembranças e decide se irá desviar, paralisar ou afagar o animal.

Pode-se imaginar as lembranças como um mosaico de pequenos elementos sendo continuamente (re)construído, os pedaços que faltam são repostos por novos e os antigos, esmaecidos pelo tempo, muitas vezes se assemelham tanto que acabam por serem colocados em locais errados. Nesta mistura de peças novas e velhas, gera-se uma figura um pouco diferente da original, que guarda várias semelhanças e diferenças.

O espaço terapêutico deve ser um local seguro no qual o paciente adquire confiança para testar outras formas de compreensão de forma analoga, como um atelier para restaurar seu mosaico, reavivar as cores perdidas no tempo e reconstruir peças faltantes e imaginar a continuidade da obra. Ao se proporcionar tais momentos de livre pensar-agir o paciente elabora alternativas para o seu cotidiano. Assim, dificuldades, raivas, angústias... experimentam outros modos de expressão e progressivamente são incorporadas às suas atitudes.

A psicoterapia é processo que se complementa no cotidiano: as experiências e sentimentos chegam nos relatos dos pacientes, são trabalhadas durante a sessão em suas possibilidades e re-significações, a atuação diferenciada do paciente em seu dia-a-dia introduz pequenas mudanças que alteram seus relacionamentos e, por conseguinte, suas ações.

Algo está diferente, não sei o que é ... tudo mudou!

Assim, a terapia é mais do que uma sucessão de insights ou duma arqueologia de primeiros episódios, é um espaço de vivências e experimentações, uma oficina de alternativas.

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