Os alimentos e os estados mentais

imagine um aquário
quando a água está suja
o peixe adoece ...

cuide de seu aquário ;)

A qualidade e quantidade dos elementos químicos ingeridos influenciam o funcionamento de todos os órgãos de nosso corpo. O cérebro é um órgão de nosso corpo, portanto ele também é influenciado!

Doença vs Sintoma

Muitos dos elementos químicos que ingerimos diariamente não existiam antes da década de 1950 e esta troca de padrão alimentar não intoxica de imediato, não mata de imediato ... ela ceifa aos poucos. ( parênteses ... na década de 1970 uma revista de renome publicou sobre uma comunidade de indivíduos de baixa estatura, os "gabirus", e uma década depois publicaram outra matéria os "filhos dos gabirus", todos altos, pois a comunidade mudou o padrão alimentar. De forma semelhante os filmes antigos mostram os asiáticos com estatura menor que os ocidentais, e atualmente as estaturas estão similares, bem como alguns problemas de saúde... voltando ) Sobre essa ingesta de químicos, fazem alguns anos um paciente comentou: "zumbis ... zumbis não estão somente nos filmes, agora as nossas células vagam em busca de nutrientes e só acham conservantes". Convêm mencionar que saúde não é a ausência de doença, o processo de instalação de uma doença (ou dito pelo oposto "dilapidar a saúde") pode levar anos ou décadas. Pode-se dizer que nesse período o indivíduo está num limbo "nem saudável, nem doente".

(iniciando com um parentêses ... me recordo da casa da fazenda, atualmente com quase 250 anos, em especial das camadas de isolamento da cozinha, tudo feito para que os últimos grunhidos não adentrassem, com as travessas de prata, à sala de jantar ... o preparo era invisível aos convidados ... os séculos passaram, os porcos deixaram de ser mortos na cozinha, mas a invisibilidade do que consumimos permanece ... voltando). A preocupação com a nutrição e as condições físicas não é recente, dois de muitos exemplos. No final do século XIX, Harvey Kellogg experimentava cereais na alimentação dos pacientes hospitalizados, e sim, depois virou o famoso açucarado matutino [sic!]. E, o trabalho do dentista canadense Weston Price - nutrition and physical degeneration - sobre os impactos da dieta sobre a saúde, realizado com vários povos do mundo. Estranhamente o tema nutrição não tem atenção, continua nas seculares camadas da invisibilidade ou é metamorfoseado! A pauta "dieta e saúde" é tratada com um certo "tom de inferioridade ou de menor importância" que os "farmacos", imagimenos duas notícias: "um novo medicamento para desentupir as veias" e "uma dieta que não entope as veias". Qual dessas duas você acha que ganha as manchetes?

Enquanto alguns avanços tecnológicos permitiram tratar muitas doenças, outros criaram uma epidemia mundial que abrange vários estados corporais, e de tão comuns são considerados, por muitos, como "normais ao envelhecimento", como: hipertensão, resistência a insulina, diabetes 2, triglicerídeos elevados, hiperuricemia, baixo HDL, obesidade central etc. E nesse ínterim, o termo "síndrome metabólica" tenta conferir uma melhor compreensão de tais estados, com a modificação de nossos padrões alimentares dos naturais para os ultraprocessados. E temas como "digestibilidade", "inflamação crônica subclinica", "disbiose intestinal", "estresse oxidativo" e "instestino permeável", tornam-se foco de interesse.

Um exercício, com "duas doenças distintas", vamos pensar nelas como marcadores ou sintomas, por exemplo: esteatose hepática (gordura visceral) como uma decorrência/marcador/sintoma da "insulina crônicamente elevada" por anos, cuja constância pode gerar um outro sintoma, a diabetes tipo 2. Alguns números para ilustrar esse exercício, as estimativas da população mundial são: 30% com esteatose hepática e 11% com diabetes 2, dois estados intimamente relacionados com a dieta alimentar. O acúmulo de gordura visceral, não leva ao óbito mas incrementa as condições de risco que podem levar ao óbito. Quando agrupadas tais condições, de todos os marcadores de risco induzidos pelo incremento da insulina, somam-se 9 milhões dos 60 milhões de óbitos anuais, ou seja 16% dos óbitos mundiais anuais (mais um parênteses ... entre fev 2020 e dez 2024 a covid vitimou 7 milhões de pessoas ... voltando). Um outro aspecto, menos tétrico e mais próximo de nosso cotidiano, o sulfixo "ite" designa processos inflamatórios (rinites, artrites, cistites, colites etc.) alguns com causas específicas como alergênicos e microorganismos, entretanto muitos desses estados, sobretudo os inespecíficos e portanto esporádicos, estão relacionadas a disbiose intestinal. Então, juntando todas as frases acima, a mudança de como designamos um determinado estado de falta de saúde, talvez auxilie numa melhor compreensão. Uma possibilidade seria colocar no eixo principal CID-Z72.4 - hábitos alimentares inadequados - e nos secundários os sintomas ... ( doença: hábitos alimentares e sintoma: aterosclerose).

Alimentos no corpo

Após ingeridos, metabolizados e filtrados pelo sistema digestivo, os alimentos viram elementos químicos na circulação sanguínea. Entretanto, nem todos esses elementos são benéficos para o corpo, alguns "maus", que burlaram a filtragem inicial, adentram na circulação. As veias que transportam o sangue para os órgãos se bifurcam e se transformam em delgados capilares, que disponibilizam as substâncias às celulas. No cérebro esses capilares são mais finos e menos permeáveis, selecionando, ainda mais, os compostos que estarão disponíveis ao sistema nervoso central. Essa rede de capilares cerebrais é denominada "barreira hematoencefálica" e quando um elemento "mau" passa pela barreira e adentra no liquor (lcr), ganha a denominação de "neurotóxico".

Já não é novidade que álcool, açúcar, consumíveis ultraprocessados etc., possam causar alguns males, bem com, a ampla divulgação dos efeitos deletérios das drogas na percepção de quem somos. Entretanto, os efeitos das substâncias "boas" na melhora do funcionamento cerebral são menos conhecidos e divulgados. Tais nutrientes influenciam positivamente os "estados mentais" e, consequentemente, em nossa autopercepção e "idéias". Um bom modelo é imaginar os nutrientes, dos bons alimentos, como coadjuantes de nossos "estados mentais" e que, numa reviravolta da trama, assumem o lugar de protagonistas.

Nas últimas décadas os estudos sobre o eixo "intestino-cérebro" (neuroentérico - gut-brain) tem reforçado a importância da alimentação nos "estados mentais". Os hormônios gaba, dopamina e serotonia, ligados ao bem estar, prazer, motivação, sono, humor, ansiedade etc., são produzidos no sistema gástrico e dependentes da qualidade da microbiota. Portanto, as melhoras alimentares que diminuam as disfunções metabólicas, inflamação crônica, disbiose e permeabilidade intestinal e resistência a insulina, auxiliam nos tratamentos de: depressão, TDAH, ansiedade, progressão do Alzheimer, crises epiléticas, esquizofrenia etc.

"...a existência de influências entre alimentação e estados mentais é um fato, atualmente as pesquisas focam em compreender tais relações..."


Alimentos relacionados a cefaléia

Os espelhos estão em toda parte.
Olhamos!
As rugas gritam e os cabelos brancos se jogam.
Aprisionam nossa atenção.
Por vezes toda ela!

Com o avanço da idade, indivíduos que nunca tiveram problemas estomacais ou cefaléias podem iniciar a apresentar tais suscetibilidades, pois o corpo envelhece "tanto por dentro quanto por fora", alterando a digestibilidade e, portanto, a qualidade e quantidade dos nutrientes e não-nutrientes em circulação.

As enxaquecas e cefaléias nos lembram que temos um cérebro e as questões da vasodilatação e digestivas apresentam uma relação direta com tais estados. E, independentemente da idade, as enxaquecas e cefaléias demandam avaliações da: digestibilidade, estado inflamatório, níveis hormonais, qualidade do sono e permeabilidade e disbiose intestinal.

Certas mudanças alimentares diminuem as cefaléias e melhoram a saúde como um todo. A diversidade de micronutrientes e fibras diminuem a disbiose e o estado inflamatório, tornando o corpo menos propenso a manter substâncias que promovem a vasodilatação, um dos fatores das cefaléias. Entretanto, algumas pessoas podem ter maior sensibilidade a alimentos considerados "bons", como os queijos e chocolates ricos em tiraminas (aminas vasodilatadoras). A avaliação de qual alimento dispara a cefaléia/enxaqueca demanda um período de "reset", de pelo menos um mês para o corpo restaurar e permitir uma melhor percepção corporal.
intensificam a cefaléia: alimentos pró-inflamatórios e que promovem a disbiose intestinal, como os industrializados: nitritos, nitratos, taninos, fenóis, aldeídos, sulfetos histaminas, tiraminas, glutamato, colorantes, emulsificantes, flavorizantes ... e também: álcool, açúcares, trigo e lácteos.

previnem a cefaléia: basicamente a comida natural diversificada irá evitar a disbiose e o estado inflamatório, como: gorduras insaturadas, azeite de oliva, aveia, carnes magras, banana, abóbora, abacate, tomate, brócolis, couve-flor, batata-doce, vegetais escuros, beterraba, cenoura, orégano, chia, cúrcuma, canela, alho, cenoura, couve, cravo, erva-cidreira, ervilha, gengibre, maracujá, ovos, omega-3, salmão, sardinha, anchova ... verificar os níveis da vitamina B12 e sempre tomar água!

Com os aspectos alimentares razoavelmente bem encaminhados, a continuidade das cefaléias indicam uma questão de saúde a ser bem investigada. E, tais medidas básicas irão auxiliar o profissional da saúde a ponderar sobre outras variáveis. Ante a inevitabilidade dos medicamentos, a alimentação é uma boa coadjuvante!

Sobreposição de dietas

Não pode isso, não pode aquilo, mas, também, não pode aquele outro... as pessoas que tentam fazer dietas sem qualquer orientação acumulam problemas ligados a frustração dos insucessos, a má-nutrição e nos casos de doenças em curso a atenção deve ser redobrada. Como diz um amigo: "Observo que muitas das tentativas solitárias para atingir a saúde, acabam por gerar mais problemas do que soluções. Precisamos pensar sobre a qualidade dos alimentos, sobre os padrões alimentares e não apenas em macronutrientes."

Tanto as dietas baseadas no "balanço energético" quanto nas baseadas no "carboidratos-insulina", demandam do desenvolvimento de hábitos saudáveis. O indivíduo deve avaliar seu ambiente e quais alterações serão mais efetivas a longo prazo e, certamente, um profissional da saúde pode ajudar nessas ponderações.

... as mudanças de hábitos demandam dedicação, muita dedicação ...
boas mudanças!!!


Alguns livros

Anderson, Scott   The psychobiotic revolution: mood, food, and the new science of the gut-brain connection

Carreiro, Denise   Abordagem nutricional na prevenção e tratamento do autismo

Gundry, S. The gut-brain paradox

Kachani & Cordás   Nutrição em psiquiatria

Palmer, Christopher   Brain energy: a revolutionary breakthrough in understanding mental health

Souto, José   Uma dieta além da moda

Walsh, William   O poder dos nutrientes

... e muitos outros ...



um pouco mais sobre alimentos:
fodmap
Alimentos e sua relação com TDAH










Teoria do aquário
não adianta medicar o peixe se a água do aquário estiver suja! já pensou que o mesmo vale para nós?
então, como está esse teu aquário ?!


terapia em floripa   awmueller.com