Drogadicção

As drogas sempre estiveram presentes, em diferentes épocas, nas mais diferentes civilizações e suas utilizações eram e ainda são das mais variadas, bem como suas conseqüências. Estar adicto significa, entre outras coisas, um estado de submissão, de não controle sobre a própria vontade de consumo e uma baixa consciência dos próprios atos e, também, da conseqüências pessoais e sociais do uso da droga.

De forma paradoxal, o uso moderado de drogas é geralmente aceito e até estimulado por várias camadas sociais, o que dificulta tanto o reconhecimento do problema quanto o tratamento. Certamente que a família é a primeira a sentir os efeitos deletérios do uso de qualquer tipo de droga, embora se possa distinguir os efeitos físico-químicos do álcool, maconha, anfetamina, cocaína, ecstasy, oxicodona, ácido lisérgico (lsd), etc.; não há como graduar o sofrimento causado ao usuário e seus familiares, que geralmente se sentem desamparados e impotentes. A terapia, seja individual ou familiar, não pode ser o único tipo de intervenção, pois a drogadicção é um tema complexo e demanda o trabalho de vários profissionais como médicos psiquiatras, assistentes sociais, psicólogos..., e seus efeitos são no mínimo físico-químicos, relacionais e financeiros.

A adicção a uma droga não tem idade para iniciar. Certamente ao se saber de crianças ou adolescentes adictos há uma grande perplexidade, embora que a utilização por adultos não possa ser relevada ou minorada. A drogadicção pode até ser tida inicialmente como um problema individual, mas gera rapidamente seqüelas em todo o entorno do usuário. As decorrências do uso de drogas não ficam confinadas à casa do usuário e geralmente estão associadas a problemas de violência e/ou financeiros.

A tendência de ruptura do adicto com a família é freqüente e não auxilia na resolução do problema ou diminui a preocupação. Diante do agravamento da drogadicção todos os envolvidos acabam fragilizados e demandam de atenção para que possam efetivamente auxiliar. Portanto, no tratamento terapêutico o real engajamento da família constitui um elemento essencial e é sempre muito proveitoso quando a família está presente, mesmo quando o apoio é permeado por sofrimento, raiva e indignação. O processo é demorado e sujeito a recaídas e quando o adicto recai, toda a família e amigos recaem, o que reforça a importância do suporte aos envolvidos.

A drogadicção e outros estados: patologia dual

Em geral, na população usuária de algum tipo de droga menos de dez porcento desenvolvem dependência e para alguns autores tal relação numérica, dentre outros indicadores, sugere a existência de fatores genéticos na drogadicção. Entretanto, a alta prevalência de adictos entre indivíduos que possuem algum tipo de transtorno mental (devidamente dianosticado) sugere uma outra possibilidade; a existência de dois estados sobrepostos. Num primeiro momento a droga adentra no cotidiano do indivíduo como tentativa deste em minimizar alguns "desconfortos" que lhe afligem. Num segundo momento, as alterações químicas produzidas pelo uso da droga acentuam as vulnerabilidades do indivíduo. Em tais situações os "desconfortos" podem ser tênues indícios dum transtorno mental. As apatias e disforias são prevalentes nos estados iniciais deste complexo quadro denominado patologia dual.



Telefones de algumas instituições próximas à Florianópolis que trabalham com dependência química - classificadas por localidade.


Referências bibliográficas

KALINA, Eduardo. Drogas; terapia familiar e outros temas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.
KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J. Compêndio de psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
SCHENKER, Miriam e MINAYO, Maria Cecília de Souza. A implicação da família no uso abusivo de drogas: uma revisão crítica. Ciênc. Saúde Coletiva, 2003, vol.8, no.1, p.299-306.
SLUZKI, C.E. A rede social na prática sistêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997

Nota: Adicto > do latim addictus - vinculado ao seu credor, como devedor insolvável, por extensão: submisso, escravizado (Fonte: HOUAISS).

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